
Dizem que pessoas com deficiência são “especiais”. Uma palavra que, por vezes, soa como um afago, mas que pode carregar consigo o peso da exclusão. Sim, somos especiais. Mas não da forma que alguns imaginam. Nossas necessidades são tão singulares quanto as de qualquer outro ser humano. Queremos trabalhar, estudar, ter amigos, viajar… A diferença é que, para alcançarmos esses desejos, por vezes, precisamos de adaptações, de um olhar mais atento, de oportunidades que nos foram negadas por uma sociedade que insiste em nos colocar em caixas.
E é aí que entra o capacitismo, esse preconceito que nos define pela nossa deficiência, que nos inferioriza, que nos impede de sermos vistos como pessoas plenas, capazes de sentir, de contribuir. O capacitismo se manifesta de diversas formas: desde olhares de pena até a falta de acessibilidade em espaços públicos e privados. Somos pessoas com necessidades específicas, como qualquer outro ser humano. Precisamos de rampas, de elevadores, de legendas, de audiodescrição, de softwares acessíveis, de profissionais capacitados… Mas, acima de tudo, precisamos de respeito, de oportunidades, de inclusão.
Somos especiais para aqueles que nos admiram, que enxergam em nós a força da superação, a beleza da resiliência. Somos especiais para os amigos que celebram nossas conquistas, que nos estendem a mão quando precisamos, que nos veem como pessoas, e não como “deficientes”. Não queremos ser tratados como seres extraordinários, como se a deficiência nos conferisse um dom divino. Queremos apenas ser reconhecidos como iguais, com nossos talentos e nossas limitações. Queremos que a sociedade nos abrace, nos inclua, nos dê a chance de mostrar o nosso valor.
A palavra “especial” pode ser um véu que nos cobre de uma falsa admiração, que nos distancia da realidade de nossas lutas. Não precisamos de rótulos, precisamos de oportunidades. Que a nossa “especialidade” seja a de inspirar, de mostrar que a deficiência não é um obstáculo intransponível, mas sim um capítulo a mais em nossa história. Que a nossa voz seja ouvida, que nossos direitos sejam respeitados, que a inclusão seja uma realidade e não apenas um discurso bonito. Somos especiais, sim. Mas, acima de tudo, somos humanos. E como humanos, queremos apenas ser aceitos e respeitados.