
Ah, Vitória da Conquista, essa joia do sertão baiano onde a modernidade e a… digamos… “consciência” urbana florescem a cada esquina. Que maravilha testemunhar a mais recente evolução do nosso espaço público: a invasão ciclística descontrolada! Alamedas que antes serviam para um passeio tranquilo, praças que deveriam ser refúgios de paz, calçadas que, em tese, foram feitas para pedestres… tudo agora transformado em pistas de alta velocidade para os destemidos ciclistas locais.
É realmente inspirador ver como a preocupação com a integridade física alheia se esvai como fumaça de escapamento (ah, não, espera, aqui o problema é outro). Quem se importa com um idoso tentando manter o equilíbrio precário enquanto desvia de uma bicicleta a toda velocidade? Ou com uma pessoa com deficiência visual tentando usar a bengala sem ser atropelada por um entusiasta do pedal? Detalhes, meros detalhes! E que o diga o site Acessibilidade 360, que, pasmem, aborda essa mesma situação pela segunda vez! Mas a inércia dos nossos ilustres gestores parece algo… indescritível. Uma coisa que desafia a própria descrição de tão patético e persistente.
O mais fascinante de tudo é a absoluta ausência de qualquer tipo de fiscalização. Nenhuma alma caridosa fardada para lembrar que calçadas são para caminhar, e não para competições amadoras de ciclismo. As autoridades? Ah, essas devem estar ocupadíssimas com questões de importância vital, como… bem, como… alguma coisa certamente mais urgente do que a segurança dos cidadãos mais vulneráveis. Afinal, para que se preocupar com a mobilidade quando se pode ignorar o problema solenemente?
Convenhamos, a única deficiência gritante que se observa por aqui não está nas pessoas que tropeçam nas bicicletas em alta velocidade ou se assustam com o sino repentino. Não, a verdadeira deficiência reside naquela curiosa cegueira seletiva que acomete nossos gestores. Uma notável falta de empatia, diga-se de passagem, acompanhada de uma performance administrativa que beira o… o quê mesmo? Ah, sim, a incompetência! Uma dupla imbatível que parece ter encontrado em Vitória da Conquista o seu habitat natural.
E não podemos esquecer daquele toque de hipocrisia que adorna a situação. Certamente veremos belos discursos sobre inclusão e acessibilidade em algum momento oportuno, talvez durante alguma solenidade com comes e bebes. Quem sabe até uma audiência pública na Câmara de Vereadores para tratar do tema? Curiosamente, nenhum dos nobres parlamentares presentes parece vivenciar qualquer tipo de deficiência em seu cotidiano. É nesse primeiro degrau da exclusão, tão sutil quanto revelador, que se esvaem todas aquelas palavras bonitas sobre inclusão, sem produzir o menor efeito prático. Mas na prática, o que vemos é um festival de desrespeito e um silêncio ensurdecedor por parte de quem deveria zelar pelo bem-estar de todos.
No fim das contas, é isso mesmo. Uma pessoa só se torna “pessoa com deficiência” quando esbarra na intransigência de uma sociedade que prioriza a conveniência individual em detrimento do coletivo e na inércia de um poder público que parece colecionar medalhas de ouro em matéria de negligência. Parabéns a todos os envolvidos nessa brilhante demonstração de… como é mesmo a palavra? Ah, sim, civilidade. Nota dez! (Só que não.)