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Falta de Mediadores escolares impede Inclusão de Autistas em Serrinha

Fachada da Escola Municipal Doutor João Trindade, com paredes brancas e azuis, nome em azul e porta gradeada. Área pavimentada em frente. Céu claro e elementos de vegetação e outras construções visíveis.
Foto: arquivo pessoal.

Em Serrinha, município do interior baiano, a promessa de uma educação inclusiva para alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) esbarra em uma dura realidade: a falta de mediadores escolares em número suficiente para atender às necessidades específicas desses estudantes. A ausência desses profissionais de apoio, que desempenham um papel essencial na facilitação do aprendizado e da interação social, tem causado sérias interrupções no processo educacional e afetado o desenvolvimento de crianças que dependem desse suporte individualizado.
“Sem o mediador, eles não conseguem acompanhar as atividades, ficam agitados e muitas vezes precisam ser retirados da sala”, relata Neuildes Nascimento, mãe de dois filhos com TEA nível 3 em Serrinha, compartilhando o drama de muitas famílias da cidade. Segundo ela, a falta de mediadores leva a situações como a dificuldade de seus filhos em serem alfabetizados e a instabilidade na permanência em sala de aula.
A problemática, no entanto, não se resume apenas à falta de mediadores. As famílias também apontam para o despreparo de alguns professores em lidar com as particularidades do TEA e a ausência de Planos Educacionais Individualizados (PEI) que realmente atendam às necessidades de cada aluno. A superlotação das salas de aula em Serrinha é outro fator que agrava a situação, dificultando ainda mais a atenção individualizada e o acompanhamento adequado.
A aplicação da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que garante o direito à educação inclusiva, é duramente questionada pelos pais e responsáveis em Serrinha. Eles argumentam que a falta de investimento em profissionais qualificados e em infraestrutura adequada demonstra a ineficiência na implementação da lei no município.
A preocupação de Neuildes vai além da falta de mediadores e da estrutura escolar. Ela também destaca a ausência de profissionais especializados na cidade, como neuropediatras e psiquiatras. “Para conseguir uma consulta com um neuropediatra, precisamos nos deslocar para outras cidades. Isso dificulta muito o diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado dos nossos filhos”, lamenta.
Posicionamento da Prefeitura:
Em resposta às denúncias, a prefeitura de Serrinha, por meio de sua assessoria, afirma ter realizado um número significativo de contratações de mediadores escolares nos últimos anos. No entanto, reconhece a existência de uma demanda remanescente, que, segundo a administração municipal, é influenciada por fatores como o aumento no número de matrículas, especialmente aquelas realizadas tardiamente, e a rotatividade de alguns profissionais. A prefeitura assegura que está buscando alternativas para suprir essa demanda e garantir o suporte necessário aos alunos com TEA, mas não detalhou as medidas específicas que estão sendo implementadas ou os prazos para a solução do problema.
Conclusão:
Apesar das alegações da prefeitura, a realidade em Serrinha demonstra que muitas crianças com Transtorno do Espectro Autista ainda não recebem o apoio educacional de que necessitam. A falta de mediadores escolares, aliada a outras deficiências no sistema educacional, impede a plena inclusão desses alunos e compromete seu desenvolvimento. A situação exige uma ação mais efetiva e urgente por parte das autoridades municipais, com investimentos em contratação e formação de mediadores, adequação da infraestrutura e suporte aos professores, para que a Lei Brasileira de Inclusão seja, de fato, uma realidade para as crianças autistas de Serrinha. A garantia do direito à educação inclusiva é um passo fundamental para o futuro dessas crianças e para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.

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