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Participação para a dignidade: a importância de incluir as pessoas com deficiência em todas as decisões

Pessoa sorridente segura cartaz escrito “Nada sobre nós sem nós”. Imagem divulgação

A frase “Nada sobre nós, sem nós” transcende um mero slogan; é um grito por autonomia, inclusão real e respeito à dignidade das pessoas com deficiência. Infelizmente, no dia a dia, essa premissa básica é frequentemente ignorada na criação de políticas públicas, obras e equipamentos urbanos.

Uma pessoa em cadeira de rodas, por exemplo, pode sentir a frustração de encontrar uma rampa de acesso recém-construída que é íngreme demais ou que termina abruptamente sem um piso tátil. Um indivíduo com deficiência visual pode se deparar com um semáforo sonoro quebrado ou uma calçada sem a sinalização adequada. Essas são apenas algumas das muitas situações que evidenciam a falha em consultar os verdadeiros usuários.

Quando políticas públicas são formuladas em gabinetes fechados, sem a participação ativa das pessoas com deficiência, o resultado é, na melhor das hipóteses, ineficaz, e na pior, prejudicial. Obras que visam “melhorar a acessibilidade” podem, na verdade, criar novas barreiras. Equipamentos pensados para “facilitar a vida” podem ser inutilizáveis ou até perigosos.

A falta de consulta ignora a vasta gama de experiências, necessidades e saberes que as pessoas com deficiência possuem sobre suas próprias vidas. Elas são as maiores especialistas em suas realidades. Quem melhor para apontar os desafios de um transporte público inadequado, as dificuldades de navegar em um ambiente não sinalizado ou a importância de formatos acessíveis de informação?

Além disso, a ausência de diálogo na formulação de legislações que impactam diretamente a vida das pessoas com deficiência quase sempre leva a retrocessos garantidos. Sem a perspectiva de quem vive a deficiência, leis podem falhar em reconhecer as complexidades e barreiras existentes, resultando em normas que, em vez de avançar, acabam por minar direitos e conquistas.

A verdadeira inclusão exige que as pessoas com deficiência estejam presentes em todas as etapas do processo: desde a concepção de uma ideia, passando pelo planejamento, execução e avaliação. Sua voz deve ser ouvida e valorizada, garantindo que as soluções propostas sejam verdadeiramente eficazes, relevantes e respeitem a diversidade de necessidades.

O lema “Nada sobre nós, sem nós” é um lembrete constante de que a participação é o pilar fundamental para a construção de uma sociedade justa e verdadeiramente acessível. Apenas quando as pessoas com deficiência são protagonistas de suas próprias histórias e decisões, podemos esperar que as políticas e estruturas reflitam suas reais necessidades e aspirações.

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