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A Família como Pilar da Inclusão: Combatendo o Capacitismo Juntos

Gravador de rádio antigo e vermelho sobre uma mesa, rodeado por livros e uma partitura, criando uma atmosfera nostálgica. Foto / divulgação.

Escrevo em primeira pessoa, utilizando a técnica do jornalismo gonzo, para relatar uma experiência de inclusão e acessibilidade, com foco no combate ao capacitismo. Desde os meus primeiros anos de vida, a acessibilidade e a inclusão têm se tornado cada vez mais relevantes, refletindo um movimento crescente em nossa sociedade. Porém, para mim, essas não foram apenas palavras em um dicionário, mas sim realidades que vivenciei. Nasci com uma patologia chamada retinose pigmentar, que comprometeu minha visão. Durante o período de exclusão na escola, que ocorreu nos anos 90, cursava o ensino fundamental em um ambiente com poucos recursos, onde a tecnologia assistiva ainda era apenas um sonho distante. No entanto, minha tia Graça foi uma luz nesse caminho. Lembro-me do seu esforço em adaptar os conteúdos escolares para mim. Ela utilizava um gravador de fita cassete vermelho, onde lia capítulos de livros de história, geografia e muito mais. Graças a ela, eu me sentia incluído na turma. 

Outro personagem fundamental nessa jornada foi meu pai, Marcos. Ele sempre esteve ao meu lado, torcendo por mim e ajudando com uma reglete para facilitar meus estudos e a prática da escrita em braille. Juntamente com minha mãe, Palmira, e o apoio da família, ele buscou tratamentos para minimizar os efeitos da patologia na minha vida. Essa união e suporte foram essenciais para meu desenvolvimento. 

Além disso, meu tio Ronaldo sempre estava ao meu lado, celebrando cada conquista, não importando o lugar. Seja na calçada, na praça ou no ponto de ônibus, sua alegria era contagiante. Ele me ensinou que cada passo dado era uma vitória a ser comemorada. 

E não posso deixar de mencionar minha tia Cláudia, que se tornou um verdadeiro exemplo de combate ao capacitismo dentro da nossa família. Quando enfrentava preconceitos ou ofensas, ela não hesitava em se indignar e me defender. Lembro-me de uma vez em que foi até a casa de um menino que me ofendeu, buscando tomar satisfação. Esse tipo de apoio é essencial para alguém que vive com uma deficiência, e eu sou eternamente grato por ter uma família tão unida. 

Minha tia Glória também teve um papel fundamental na minha trajetória, pois foi ela quem descobriu a Associação Conquistense de Inclusão do Deficiente (ACIDE), onde estudei e trabalhei. Essa descoberta foi fundamental para minha inclusão e desenvolvimento profissional. 

Além deles, gostaria de expressar minha profunda gratidão aos meus avós, seu João e Dona Rosa, que foram pilares em toda a minha história. Seu amor e apoio incondicional foram fundamentais para me ajudar a superar os desafios que enfrentei. 

Meus tios (as), Euda, Railda, Raimundo, Ronildo e João também foram pilares de suporte e incentivo. Cada um deles contribuiu de alguma forma para que eu pudesse seguir meu sonho de me formar em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). 

Essa vivência me faz refletir sobre a importância do papel da família no combate ao capacitismo e na promoção da inclusão. O apoio que recebi não apenas me ajudou a superar barreiras, mas também a construir uma identidade forte e resiliente. 

O que é o capacitismo?* 
Capacitismo é a discriminação contra pessoas com deficiência, manifestando-se em atitudes e estruturas que as desvalorizam. Inclui a falta de acessibilidade e a exclusão em vários aspectos da vida. Combater essa discriminação é essencial para promover a inclusão e garantir igualdade de oportunidades. 

Por fim, o que é o jornalismo gonzo?* É uma técnica que envolve a imersão total do jornalista na história que está sendo contada, tornando-o parte do relato e trazendo uma perspectiva pessoal e emocional à narrativa. Ao compartilhar minha história, espero inspirar outros a lutarem por um mundo mais acessível e inclusivo. Obrigado a todos que fizeram parte dessa jornada!

1 comentário em “A Família como Pilar da Inclusão: Combatendo o Capacitismo Juntos”

  1. Cláudio Oliveira Macedo

    Parabéns Marcelo pelo belíssimo e bem articulado texto, oportunidade para o leitor compreender o desafio em constante enfrentamento, aos PCD’s numa sociedade anestesiada pelas falsas promessas das políticas públicas equidistantes das realidades vividas e sofridas; contudo, o texto resgata ainda, a imprescindível importância da família, também ,no enfrentamento do capacitismo e na inserção do indivíduo Pcd nas importantes conquista individuais quê se tornam vitória no coletivo…. valeu amigo muito oportuno o recorte histórico tempo especial..

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