Leusa Borges, militante da causa da pessoa com deficiência. Foto / arquivo pessoal.
O capacitismo, discriminação e preconceito contra pessoas com deficiência, permeia não apenas a sociedade em geral, mas também instituições que deveriam ser pilares na defesa de seus direitos. Conselhos, associações e organizações criadas com a missão de apoiar e promover a inclusão dessas pessoas frequentemente falham em agir de acordo com seus próprios princípios. Essa contraditória realidade levanta questões inquietantes sobre a eficácia e a ética dessas entidades.
Muitas dessas instituições ainda perpetuam práticas capacitistas, como a falta de acessibilidade em seus espaços físicos e a exclusão de indivíduos com deficiência das tomadas de decisão. Tal situação não só marginaliza as pessoas que deveriam ser o foco de seu trabalho, mas também demonstra uma grave desconexão entre discurso e prática.
Leuza Borges é graduada em Geografia pela Uneb, com especializações em Educação Especial e Inclusiva, Relação Pessoa e Interpessoal, e Gestão e Negócios. Ela coordena a Rede PCD Bahia, um projeto que busca garantir a inclusão e autonomia das pessoas com deficiência. Ela ressalta a im Oiportância de repensar esses ambientes, afirmando que “os ambientes precisam ser organizados de uma maneira a considerar que a capacidade da pessoa não pode ser medida a partir da deficiência e sim a partir do sentido de que ali tem uma pessoa. E se ela não tem condições ainda de decidir por ela, ela com certeza terá em um determinado momento. E qualquer opinião é válida, qualquer decisão é importante. “A gente sabe que vale a pena pensar, avaliar, entender como a pessoa com deficiência irá contribuir, mas não decidir por ela.” Entidades que se proclamam defensoras da causa precisam urgentemente revisar suas políticas internas e garantir que a inclusão real se reflita em todas as suas ações.
A situação é alarmante, prejudicando não apenas a confiança da população em tais entidades, mas também a luta ampla por igualdade e justiça. Para combater essas práticas, é fundamental que as instituições promovam treinamento contínuo e sensibilização sobre a questão do capacitismo, promovendo um ambiente verdadeiramente inclusivo.
Enquanto isso, a mobilização da sociedade civil é essencial. O fortalecimento de vozes críticas e o apoio a iniciativas independentes que lutam contra o capacitismo podem ser caminhos viáveis para pressionar as instituições a se tornarem mais responsáveis e verdadeiramente inclusivas. A transformação necessária não ocorrerá da noite para o dia, mas a conscientização e a ação coletiva podem levar a mudanças significativas. Leuza Borges também destaca que, “qualquer opinião é válida, qualquer decisão é importante. A gente sabe que vale a pena pensar, avaliar, entender como a pessoa com deficiência irá contribuir, mas não decidir por ela.”
É hora de rever o papel das instituições que deveriam ser aliadas na defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Como podem, de fato, defender uma causa que não praticam? A resposta começa com uma introspecção sincera e um compromisso real com a inclusão.