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Quando a Lei Vira Voz

Quatro pessoas com deficiência (visual e motora) encontram uma mulher cega surpresa em uma porta entreaberta. Imagem, divulgação.

Outrora, em um país onde milhões de pessoas andavam por calçadas que não as enxergavam, onde portas se fechavam antes mesmo que as palavras pudessem ser ditas, onde o silêncio era imposto não por falta de fala, mas por excesso de barreiras.
Então, um dia, depois de muita luta, veio a “Lei de Inclusão”. Não por mágica, foi suor, voz rouca de tanto gritar por direitos, reuniões, marchas, debates. Pessoas que acreditaram que viver com dignidade não deveria depender de sorte, caridade ou favores.
A Lei Brasileira de Inclusão nasceu para dizer que toda pessoa com deficiência tem o direito de ser, de ir, de ficar, de sonhar, de trabalhar, de estudar, de amar e de ser respeitada. E ela disse isso em alto e bom som. Disse nas escolas, nos hospitais, nos ônibus, nos tribunais, nas ruas e nos lares. E, por um tempo, pareceu que o país começava a escutar.
Mas agora, quando muitos ainda esperam por calçadas acessíveis, currículos inclusivos e oportunidades iguais, surge um projeto novo, o PL nº 1.584/2025, com a proposta de “consolidar” tudo. Bonita palavra, consolidar. Parece coisa boa, mas nesse caso, ela vem travestida de retrocesso.
Porque ao consolidar, o projeto apaga a LBI, apaga a Lei da Acessibilidade, apaga conquistas que não foram dadas: foram arrancadas da história por quem jamais se calou.
E a gente pensa… como é possível querer silenciar uma lei que nos deu voz? Como é possível chamar de avanço a retirada de um direito?
A verdade é que o tempo da exclusão não pode voltar. O Brasil ainda está aprendendo a ser um país onde todos caibam. E leis como a LBI são bússolas e sem elas, nos perdemos outra vez.
 
Por isso, termino com um apelo. Ou melhor, com um grito:
 
Não mexam no que nos custou tanto conquistar!

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